sexta-feira, 4 de março de 2011

CONTO DE NATAL

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Foto: M. Jesus
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É Dezembro!
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Teresa e Joaquim, este ano, vieram com antecedência para casa da filha.
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Ana e José, face às dificuldades climáticas decidiram ir à pequena aldeia beirã e insitir que os pais os acompanhassem para sua casa, onde as condições são mais acolhedoras e impediriam que uma gripe ou constipação os atingisse antes do período festivo do Natal e Ano Novo.
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Durante muitos anos antes do nascimento do Francisco, Ana e José, deslocavam-se à terra natal e aquelas festividades eram vividas de acordo com a tradição - missa do galo, madeiro a arder no adro da igreja, cânticos ao Menino Jesus pelos grupos dos populares e população das redondezas.
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Teresa e Joaquim não resistiram à insistência da filha, e depois de conversarem com a visinha mais próxima - a Amélia, lá combinaram que a mesma durante a sua ausência lhes cuidaria das galinhas, do porco e até da cabrinha que adquiriram há dias.
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Em casa da filha, nos arredores de Lisboa, tudo é harmonioso e quentinho, pois mantêm diariamente a lareira acesa.
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Teresa e Joaquim, desta vez, estabeleceram um maior contacto de proximidade com o neto, desde o armar o presépio, ao enfeitar a árvore de Natal com as bolas de mil cores e até contar-lhe diferentes histórias antes dele adormecer.
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Para o Joaquim e Teresa, este ano, havia algo que os inquietava.
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Habitualmente, como vinham quase na véspera de Natal, para além dos bolinhos, fritos, rabanadas que eram confeccionados na cozinha da aldeia, faltava-lhes a prenda para o Francisco, que de tantos brinquedos, jogos e discos que possuia, difícil era a escolha de uma que fosse novidade.
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A 23 de Dezembro, isto a 2 dias antes do Natal, os seus receios dissiparam-se, pelo pedido do Francisco.
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Com voz muito doce e um ar atrevido, perguntou: -Avós, como era o Natal da Mãe quando tinha os meus anos? Os 5 anos.
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Baixando a voz e como que a falar em segredo, Teresa e Joaquim envolveram num abraço o neto e contaram ao Francisco como se vivia na aldeia, o dinhero que possuíam fruto do seu trabalho, os desejos da Ana de uma boneca, saias e blusas iguais aos seus.
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Às escondidas foi confeccionado o vestuário e colocado numa caixa de sapatos, que o Avô com muito cuidado e amor forrou usando papel com motivos de Natal.
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Na manhã do dia de Natal a Ana levantou-se e pé ante pé, foi junto do presépio buscar o seu presente. Silenciosamente tirou o laço de seda cor de rosa que envolvia a caixa e soltou um grito de alegria quando a abriu e viu a boneca com um vestido igual ao que iria vestir.
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A correr, de rosto vermelhinho, chegou ao quarto dos pais. Toda ela era felicidade. Abraçou-os e agradeceu.
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Francisco de olhos arregalados e muito brilhantes, abraçou os Avós como nunca, dizendo: - Que lindo CONTO DE NATAL.
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Idalette Alfaiate
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